O Impressionismo

Após o Realismo de Courbet, foi a vez do Impressionismo de Manet e Monet.

Era a terceira onda de Revolução na França. Édouard Manet (1832-83) e seus seguidores viram que a arte tradicional representava homens e/ou objetos sob condições muito artificiais. Perceberam que o público estava tão acostumado com aquele estilo de pintura, que já não notavam as diferenças entre um objeto retratado no estúdio e outro ao ar livre. Este grupo de pintores observou que se olharmos a natureza ao ar livre não vemos objetos individuais, cada um com sua cor própria, mas uma brilhante mistura de matizes que se combinam em nossos olhos e mente. Também descobriram que as sombras escuras pintadas por Leonardo da Vinci (1452-1519) – na técnica conhecida como sfumato – não ocorrem ao ar livre e à luz do sol. Isso os impediu de usar esta saída tradicional. Por isso, os impressionistas foram mais longe que qualquer geração passada, realizando a dissipação intencional de contornos claros e definidos.

Édouard Manet (1832-83)

Em 1863, pintores acadêmicos recusaram-se a exibir as obras de Manet na exposição oficial – o Salon. As autoridades foram, então, pressionadas a expor todas as obras condenadas pelo júri numa mostra especial que recebeu o nome de “Salon dos Recusados”. Esse episódio marcou a primeira fase de uma batalha que duraria cerca de 30 anos.

As novas teorias não diziam respeito somente ao tratamento de cores ao ar livre (plein air), mas também ao das formas em movimento. Em uma das obras de Manet, “As corridas em Longchamp”, enxergamos, à primeira vista, apenas alguns rabiscos confusos. É a ilustração de uma corrida de cavalos. Manet quer que tenhamos a impressão de luz, velocidade e movimento, dando-nos nada mais do que uma escassa sugestão de formas que emergem da confusão. O exemplo mostra como o pintor se recusa a ser influenciado por seus conhecimentos ao realizar uma representação de formas.

Édouard Manet, “As corridas em Longchamp” (1865 – óleo sobre tela, 36,5 X 51 cm)

Entre os pintores que se juntaram ao novo movimento, estava o jovem Claude Monet (1840-1926). Ele insistiu que seus amigos abandonassem o ateliê e nunca mais voltassem a dar uma pincelada, exceto diante do “motivo”. Sua idéia de que toda pintura da natureza deve ser feita in loco não só exigia uma substancial mudança de hábitos, mas também novos métodos técnicos.

Claude Monet (1840-1926)

Como a “natureza” muda de minuto a minuto, o pintor não dispõe de tempo para misturar e combinar suas cores. Ele tem que fixá-las imediatamente na tela, em pinceladas rápidas, cuidando menos dos detalhes e mais do efeito geral produzido pelo todo. Era essa falta de acabamento, essa abordagem aparentemente descuidada (como vemos na obra de Monet “Estação de St-Lazare”) que enfurecia os críticos.

Claude Monet "Estação de St-Lazare" (1877 - óleo sobre tela, 75,5 X 104 cm; Musée d'Orsay, Paris)

Em 1874, Monet e os jovens paisagistas que o rodeavam organizaram uma exposição em um estúdio fotográfico. Uma das telas de Monet chamava-se “Impressão: nascer do sol”: era a pintura de um porto visto através das névoas matinais. Um dos críticos quis usar seu título para atingir os artistas e referiu-se ao grupo como “os impressionistas”, querendo dizer que estes pintores não trabalhavam com base num sólido conhecimento e pensavam que a impressão de um fugaz momento era suficiente para chamarem a seus quadros de pintura.

Claude Monet "Impressão: nascer do sol" (1872 - óleo sobre tela, 48 X 63 cm; Museu Marmottan Monet, Paris)

Os motivos escolhidos pelos artistas também enfureciam os críticos. Pois estes jovens pintores aplicaram seus novos princípios em qualquer cena da vida real. Pierre Auguste Renoir (1841-1919) representa na pintura “Baile no Moulin de la Galette” um baile ao ar livre em Paris.

Pierre Auguste Renoir (1841-1919)

Nesta obra, Renoir tinha em vista o comportamento da multidão jubilosa e se encantava com a beleza festiva. Mas seu interesse principal estava em outra parte. Renoir quis realçar a alegre combinação de cores brilhantes e estudar o efeito da luz do sol sobre a multidão turbilhonante.

Pierre Auguste Renoir “Baile no Moulin de la Galette” (1876 – óleo sobre tela, 131 X 175 cm; Musée d’Orsay, Paris)

Camille Pissaro (1830-1903) também participou ativamente desta nova onda artística.

Camille Pissarro (1830-1903)

Curiosamente, diante do quadro “O boulevard des Italiens, manhã de sol”, de Pissarro (1830-1903), as pessoas perguntavam escandalizadas: “Se eu caminho pelo bulevar … tenho esse aspecto? Perco as pernas, os olhos, o nariz, e me converto num glóbulo informe?”

Camille Pissarro “O boulevard des Italiens, manhã de sol” (1897 – óleo sobre tela, 73,2 X 92,1 cm; National Gallery of Art, Washington, DC, coleção Chester Dale)

Uma vez mais, era seu conhecimento do que “faz parte” de uma pessoa que interferia no julgamento daquilo que é realmente visto.

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